A palavra sustentabilidade nunca foi tão debatida quanto nesta década. Neste momento, os olhos do mundo se voltam para soluções urbanas, a redução da emissão de gases que causam o efeito estufa, além da proteção ambiental para grandes biomas do mundo, como é o caso da Amazônia.
No entanto, as discussões não param por aí: para garantir um mundo mais consciente, limpo e seguro para as próximas gerações, começaram a ser colocadas em prática novas medidas que promovem a equidade social, a conscientização ambiental no meio corporativo, dentre uma série de outras ações.
Para isso, foi criada a sigla ESG (Environmental, Social and Governance). Ela une três pilares essenciais para investimentos sustentáveis: ambiental, social e governança corporativa.
Como o ESG impacta o desenvolvimento sustentável
Esse tripé governamental, em poucas palavras, é capaz de definir quais investimentos têm mais chances de prosperar no futuro. Afinal de contas, a nova geração de consumidores está exigindo, cada vez mais, que as empresas se tornem 100% responsáveis pelo desenvolvimento sustentável do planeta.
Com isso, ações de preservação, conscientização ambiental e governança (que tem como foco o desenvolvimento social) devem ser parte da cultura corporativa. E, assim, estar no DNA de uma empresa a partir de sua concepção e adaptação aos tempos modernos.
Uma pesquisa realizada em 2016 pela Cone Communications constatou que 75% dos millennials, a geração que atualmente tem entre 20 e 30 anos, leva em consideração o histórico de sustentabilidade e diversidade ao candidatar-se a uma determinada empresa.
Sendo assim, garantir uma equipe com igualdade de oportunidades e que tenha para si o meio ambiente como foco principal vem a ser mais importante do que, por exemplo, um salário mais alto.
Somado a isso, essa geração também prioriza essas empresas quando se trata de compra. A logística reversa, nesse caso, torna-se fundamental para que o consumo de bens (sejam eles duráveis ou descartáveis) ganhe um novo foco na cadeia produtiva: a possibilidade de reciclar ou reutilizar.
Investimento financeiro
Para além da capacidade de empregabilidade e gestão, a sustentabilidade está diretamente relacionada com a atração para investimentos financeiros. Isto é, quanto melhor o ESG é posto em prática por uma determinada empresa, mais investimentos ela atrai para si.
E isso não é por acaso. Cada vez mais, a pressão política, econômica e social nas grandes nações (como os Estados Unidos, países da Europa e da própria América Latina) é grande para que o meio ambiente não seja mais deixado em segundo plano, tornando-se uma pauta urgente e exigindo medidas imediatas para a diminuição do desmatamento, do descarte correto de resíduos e da redução dos impactos climáticos.
Seguindo esta lógica, a sustentabilidade, pregada por meio do ESG, é o que garante solidez nos negócios e a sobrevivência de empresas (e países). Ou seja, quando não nos comprometemos com o futuro do planeta, também não nos comprometemos com a longevidade dos negócios.
Como é o ESG no Brasil
Ainda que seja uma discussão muito avançada em países mais desenvolvidos e tenha grande popularidade no Brasil, esse conceito não é amplamente difundido e colocado em prática como esperado.
Segundo a CFA Institute, organização americana especializada na educação financeira de profissionais de investimento, dentre 1 milhão de profissionais de finanças, menos de 1% possui formação em ESG. E, no mercado, a demanda por esse tipo de especialização tornou-se muito alta.
Especialistas brasileiros indicam que esse problema deriva de diferentes consequências. Uma delas seria a preferência por velocidade ao invés de qualidade, e produto ao invés de processo. Em outras palavras, a cultura brasileira ainda é focada em modelos de operação antigos, onde prioriza-se demandas de larga escala em curto prazo para lucro imediato.
Além disso, o ESG exige educação contínua e diversidade de vozes, pensamentos e soluções, para que se abra debate público. Como poucos detém esse conhecimento, não há democratização dessas ideias e soluções para o futuro.
Porém, isso não deve ser motivo de desânimo: é uma oportunidade de crescimento profissional e social, que deverá ser difundido amplamente e atrair pequenos e grandes investidores e empresas. Somente assim a sustentabilidade deixará de ser vista como um problema, e sim como a única alternativa viável (além de mais barata e mais lucrativa) de se viver em plena harmonia entre o homem e a natureza.